quarta-feira, 14 de junho de 2017

O amor não é uma sms


A vida não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona. Abrir portas dentro da alma e escavar dentro do outro leva muito tempo. Dá que pensar que candidatos a pais desistam de crianças a quem quiseram dar colo. E que um candidato a filho possa ser tratado como uma encomenda com defeito, devolvida à procedência.
As pessoas generosas são sempre inspiradoras. As que correm o mundo, desassossegadamente, a tentar consertá-lo. Ou as que se metem paradas num laboratório, pacientemente à procura da chave para vencer a luta contra um vírus. As que dão o seu tempo, as que fazem revoluções, as que lutam pelo direito à diferença, as que inovam. Ou as que nasceram para dar colo e ser casa para alguém.

Resultado de imagem para smsTodos os anos há, contas redondas, 800 crianças que ganham uma família. As estatísticas não contam as histórias. Como a de Paulo e Marta (nome fictício), que de um único gesto adotaram seis crianças, metade com necessidades educativas especiais. Ou a de Marta, que esteve até aos 14 anos numa instituição em Lisboa, e soube o que era ter pais quando já tinha desistido de ser filha.

Os números contam tendências e evoluções. Para o bem e para o mal. Entre 1 de agosto de 2015 e final de agosto de 2016, 43 crianças foram devolvidas por candidatos a pais às instituições de origem. Estavam ainda no período experimental de seis meses em que a adoção pode ser interrompida. Serão sensivelmente 5% do total de casos bem-sucedidos. E o que terá estado na origem desse desamor que deixa nas crianças a marca da rejeição? Não sabemos. Sabem, apenas, os protagonistas e os técnicos da Segurança Social.

Nós, que olhamos para relatórios a partir de fora, tentamos interpretar. É o número de rejeições mais elevado dos últimos três anos. E fica por perceber o que leva quem quis tanto dar colo (abrindo portas de casa para se sujeitar a entrevistas, avaliações psicológicas e uma espera feita de incertezas) a voltar a colocar uma criança no chão. Das 43 rejeitadas, 20 tinham menos de dois anos. Estavam nas idades baixas que tornam mais desejada a adoção. Não seria por já estarem com personalidades muito vincadas, um dos fatores que assusta quem decide adotar, que o processo terá sido dificultado.


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Fonte: http://www.noticiasmagazine.pt/  Jornalista Inês Cardoso

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