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terça-feira, 12 de novembro de 2013

A Educação Especial perderá no próximo ano mais de 14 milhões de euros - Portugal

O Orçamento por Ações do Ministério da Educação e Ciência, em discussão esta terça feira no Parlamento, contempla um corte superior a 14 milhões de euros nas verbas destinadas à Educação Especial. 
O documento, disponível para consulta na página da Assembleia da República, especifica que o Orçamento para a Educação Especial em 2014 será de 198 232 208 euros, menos 6,6% do que os 212 289 152 do ano passado.
 
Parte significativa desta redução deverá ficar a dever-se ao impacto, entre os professores, dos cortes salariais na Administração Pública.

 Fonte: DN

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Simulador: Calcule quanto vai encolher o seu salário no ano de 2014

 
O Orçamento do Estado para 2014 foi apresentado hoje pelo Governo e impõe cortes salariais para os funcionários públicos com rendimentos mensais brutos superiores a 600 euros.
Os cortes são progressivos até uma diminuição máxima de 12% a partir de salários de 2.000 euros.
 
 
Insira o valor do seu rendimento bruto mensal (incluindo suplementos) no simulador em baixo e descubra quanto dinheiro vai perder a partir de Janeiro.
    

Salário mensal bruto
Corte salarial (%)
Corte salarial (€)
Novo salário bruto

domingo, 13 de outubro de 2013

Redução brutal de colocações de docentes de Educação Especial no presente ano letivo (Portugal Continental).

Não é novidade para os docentes de educação especial e famílias das crianças e alunos com NEE deste país, mas, agora, o autor do blogue do Blog DeAr Lindo apresenta dados relativos à redução de colocações de docentes de Educação Especial, no presente ano letivo, no que se refere a Portugal Continental.
 
Transcrevo o texto:
«Conforme prometido deixo aqui este primeiro quadro com a comparação das colocações pela DGAE (inclui renovações, Contratação Inicial e colocações até à Reserva de Recrutamento 4) nos grupos da Educação Especial (exclui as contratações de escola e as colocações da mobilidade interna que este ano teve cerca de 250 ingressos na carreira neste grupo de recrutamento, 157 pela vinculação extraordinária e cerca de 100 por transição de grupo de recrutamento)
Neste quadro fiz a transposição das colocações para as atuais 10 zonas pedagógicas para ser mais fácil a comparação.
Com exceção da zona 7, todas as restantes zona tiveram um decréscimo de colocações nos grupos da Educação Especial.
As zonas 2, 3, 4, 5 e 8 foram as que tiveram maior redução. A zona 3 este ano teve metade de colocações pela DGAE no grupo 910 do que em igual período do ano passado. Desta forma já se percebe perfeitamente a situação descrita pelo João Adelino Santos e a quebra de colocações que aconteceu na zona centro do País.
A zona com maior quebra foi a zona 2 que só teve 26 colocações enquanto no ano passado teve 56.
Falta ainda analisar as colocações por contratação de escola da mesma forma».

sábado, 21 de setembro de 2013

CNIPE denuncia casos de crianças com multideficiências impedidas de ir à escola

Directores confirmam situação, que atribuem a falta de professores de Ensino Especial e de funcionários.
“Há casos dramáticos, não se pode fechar os olhos a esta situação”, disse Rui Martins, que apontou como exemplo duas crianças, de dois agrupamentos de escolas, um em Cinfães outro em Santa Cruz da Trapa, São Pedro do Sul. Contactados pelo PÚBLICO, os respectivos directores, Manuel Pereira e António Martins confirmaram ter pedido aos pais que mantivessem as crianças em casa, por não reunirem condições para as receber.
“Infelizmente não há um Pedro, há muitos Pedros pelo país, neste momento sem apoio”, lamentou Manuel Pereira, referindo-se à criança de 11 anos cuja mãe denunciou a situação, através da CNIPE. Segundo disse, no agrupamento cortaram 3 das dez vagas para professores do Ensino Especial e a mobilidade resultante do concurso nacional para professores do quadro (que se realiza de quatro em quatro anos) e o atraso na colocação de professores para contratação inicial “fizeram o resto”. “Neste momento tenho apenas um professor dos sete e ainda estamos em fase de selecção da contratação de escola – não há mínima possibilidade de cuidar de uma criança com o nível de dependência do Pedro e de outra criança da escola que está em condições semelhantes”, disse.
Manuel Pereira, que é presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) lamentou também que os concursos sejam “cegos”, explicando que lhe foi impossível renovar contrato com duas docentes de Ensino Especial “que estavam na escola há quatro anos e que fizeram formação específica, paga do seu bolso, para lidar com crianças que são cegas, surdas e mudas”.
António Martins, do Agrupamento de Escolas de Santa Cruz da Trapa, revelou que no seu caso a impossibilidade de receber uma criança com multideficiências resulta do atraso na contratação dos docentes, mas também de funcionários. “Uma criança com estas necessidades precisa de acompanhamento permanente, que não estamos em condições de proporcionar”, disse. Segundo explicou, aguarda autorização dos serviços do MEC para contratar funcionários, mas tem-lhe sido pedido que aguarde pelos processos de mobilidade.
Também esta sexta-feira, a Fenprof criticou o corte generalizadona colocação de professores da Educação Especial. Em resposta ao PÚBLICO, o MEC garantiu que se iniciou nesta sexta-feira a colocação dos professores em falta.
 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Quase 3,5 milhões de pessoas em Portugal têm no máximo o 1º ciclo do ensino básico

É difícil  aceitar que 3,5 milhões de pessoas que vivem em Portugal não têm qualquer diploma ou completaram apenas o 1º ciclo do ensino básico. Mas acredito, porque os dados foram extraídos do relatório "Estado da Educação 2012", agora divulgado.
 
O terceiro relatório realizado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) apresenta um país de "contrastes":
 
Em 2011, havia "perto de 3,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos sem nenhum diploma ou apenas com o 1º ciclo do ensino básico e mais de dois milhões e meio com qualificação de nível secundário, pós-secundário ou superior".
 
Quase um milhão de pessoas não concluiu sequer o primeiro ciclo e outros 2,5 milhões têm apenas os primeiros quatro anos de escolaridade, segundo dados dos Censos de 2011 compilados agora no relatório sobre o Estado da Educação.
 
"Somos um país de grandes desigualdades e contrastes entre os mais novos e os mais velhos", resumiu a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, durante a apresentação do relatório, que faz uma análise da evolução da educação na última década.
 
É entre os mais velhos que mais se sente o problema da falta de qualificações. De acordo com o documento, metade das pessoas com mais de 55 anos tem apenas a antiga quarta classe.
 
Mas a desigualdade de gerações não se sente apenas a partir dos 55 anos, já que mais de 1,5 milhões de pessoas entre os 25 e os 44 anos também não chegaram a concluir o 12º ano (escolaridade obrigatória).
 
Ler Artigo Completo

Fonte: JN
               

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Relatório final do FMI para corte de 4 mil milhões nas despesas do Estado

 
Das várias notícias que surgiram ontem nos meios de comunicação social e blogosfera, destaco as seguintes:

FMI recomenda cortar salários, subsídios e funcionários públicos. Fundo sugere medidas ainda mais austeras para cortar 4 mil milhões de euros na despesa.
Propõe ainda a dispensa de 50 mil professores e novo corte nas pensões. A dispensa de 50 mil professores, que permitiria uma poupança até 710 milhões, e um aumento das propinas no ensino superior são outras opções apontadas no relatório.

Fonte: Económico online

terça-feira, 16 de outubro de 2012

PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2013

CONSULTE AQUI A PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2013.

Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2013 Tipo: PDF, Peso: 2,16Mb

 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

As 50 medidas de austeridade em Portugal entre junho de 2011 e agosto deste ano

As medidas de austeridade são sempre anunciadas como imprescindíveis. E quase sempre prometidas como as últimas. Mas os apertos de cinto têm sido sucessivos. E nem é preciso ir muito atrás no tempo. Desde o início da aplicação do memorando da troika até ao novo, brutal e muito criticado pacote de austeridade anunciado por Passos Coelho há uma semana, parece ter passado uma eternidade. Mas foi apenas um ano e três meses. E meia centena de medidas que afetam diretamente o bolso dos portugueses e os seus direitos.

As 50 medidas de austeridade entre junho de 2011 e agosto deste ano Salários e pensões  

1 Os funcionários públicos com vencimentos superiores a 1500 sofreram, em 2011, cortes entre 3,5 e os 10%. A medida manteve-se em 2012 e vai continuar.
2 Os trabalhadores do sector privado e do sector público perderam em 2011 o equivalente a meio subsídio de Natal, cerca de 3,5% do seu salário, através de uma sobretaxa no IRS.
3 Em 2012, os trabalhadores do Estado perderam o equivalente a duas remunerações (subsídio de Natal e de férias).
4 Em 2012, os pensionistas também ficaram sem os dois subsídios.
5 Em 2013, os trabalhadores do Estado ficam sem um dos subsídios e aumentam as contribuições para a Caixa Geral de Aposentações) - o que equivale a um corte de cerca de 14% dos salários brutos.
6 Para os trabalhadores privados, em 2013, o corte será equivalente a um dos subsídios, graças ao aumento de 7 pontos nas contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social. Em muitos casos, a perda é superior ao equivalente a um salário líquido.
7 Corte nas pensões de reforma dos trabalhadores do Estado acima dos €1500 (cortes entre os 3,5 e os dez por cento) em 2013 e que se prolonga durante o programa da troika.
8 Passes sociais: acabam os descontos de 50% para estudantes e acabam as reduções automáticas para maiores de 65 anos.
9 Fim das reformas antecipadas aos 55 anos de 2012 em diante.
10 Corte adicional nas pensões mais elevadas: 50% do excedente de 7500 euros.

Função Pública  

11 Reduziu-se o número de dirigentes da Administração Pública (menos 15% do total, 218 cargos desapareceram em 2012).
12 O número de funcionários públicos caiu 2% por ano - 19 mil a menos em 2011, quase 9 mil saíram até junho de 2012.
13 Corte de 50% do valor das horas extraordinárias a partir de 2012.
14 Corte de 168 organismos e institutos públicos, por extinção e fusão.

Trabalho  

15 Corte do valor das indemnizações por despedimento no sector privado (de 30 para 20 dias por ano e com teto máximo de 12 anos).
16 Corte no subsídio de doença (uma baixa de menos de 30 dias equivale ao pagamento de 55% do salário).
17 No subsídio de desemprego: dura metade do tempo, tem um teto máximo 20% mais baixo e reduz progressivamente até 10% do valor inicialmente pago.
18 Não há tolerância de ponto no Carnaval para os funcionários públicos.
19 Eliminação de quatro feriados (a vigorar em 2013).
20 Fim dos três dias de férias de bónus por produtividade (para os trabalhadores do sector privado).
21 Limitação do acesso ao RSI (com um valor médio de €243 mensais para 370 mil famílias)
22 Corte real do salário mínimo nacional em 2013, com a anunciada subida da TSU dos trabalhadores. Em 2012 o SMN foi congelado. Uma baixa do valor real ocorre pela primeira vez na História.
23 Aumento das horas de trabalho, efeito direto do fim de feriados e de dias de férias e com o alargamento dos bancos de horas.

Fisco  

24 Corte das deduções fiscais em sede de IRS (corte de 2/3 das despesas de saúde e na Educação e fim dos benefícios para os dois escalões mais altos).
25 Corte de 33% no subsídio de funeral.
26 Corte no subsídio de morte (6 salários do falecido ou máximo de €2500).
27 Aumentos das taxas municipais, decretadas em várias autarquias.
28 Corte nas isenções do IMI e aumento das taxas por reavaliação dos imóveis.
29 IVA passou de 6 para 23% em vários bens e serviços. Aumentou o imposto sobre vários produtos alimentares e restauração.
30 Taxas agravadas para bens de luxo, como automóveis, embarcações de recreio. Ainda por anunciar quanto é o valor a aplicar a partir de 2013.
31 Imóveis de elevado valor, acima de um milhão de euros, passam a ter imposto de selo ainda não especificado.
32 Rendimentos de capital tributados a 26,5% a partir de 2013.
33 Aumento do IRC (na base de incidência) e revisão das tabelas de novo em 2013.
34 Tabelas de IRS sofrem nova alteração em 2013, ainda não esclarecida. A carga fiscal, em 2011, era de 39% em Portugal, acima da média da OCDE.
35 Para as empresas foi criada uma taxa adicional de IRC.
36 No IRS a taxa adicional é de 2,5% e aplica-se ao último escalão de rendimento (incide sobre o rendimento coletável que exceda 153.300 euros).
37 E também deixou de poder deduzir despesas quem está nos últimos dois escalões de IRS.
38 Último escalão do IRS passou de 45% para 46,5%.
39 No IRC a taxa adicional é de 3% para as empresas com lucros acima de 1,5 milhões de euros e foi eliminada a taxa de 12,5% sobre o primeiro escalão de €12.500 de matéria coletável. Foi ainda criado um novo escalão da derrama estadual, para lucros tributáveis acima de 10 milhões de euros, que passam a ser tributados a 5% adicionais.
40 No final de 2011, a taxa liberatória subiu de 21,5% para 25%.

Saúde  

41 Corte na comparticipação no transporte dos doentes (menos 30%) pagos aos bombeiros.
42 Corte de 200 milhões de euros nos custos dos hospitais.
43 Cortes no sector dos medicamentos (preços, margens de lucro das farmácias e grossistas, por exemplo). Permitirá gastar menos 300 milhões em 2012.
44 30% de redução no volume de horas extras nos hospitais em 2012.
45 Cortes nos reembolsos aos utentes do SNS, nomeadamente no transporte de doentes.
46 Redução de 12% a 12,5% nos preços dos exames convencionados. Poupança de 40 milhões euros por ano.
47 Taxas moderadoras - o valor das taxas duplicou em 2012 e o Estado prevê ganhar 200 milhões por ano. Por exemplo, num grande hospital como Sta. Maria, a taxa era de quase €9,60 e agora é €20.

Aumentos  

48 Em 2012, o IVA da eletricidade e do gás subiu de 6% para 23%. O valor médio da conta de gás (incluindo todos os impostos e taxas) de uma família no concelho de Lisboa aumentou 27%, entre julho de 2011 e julho de 2012 (de €16,73 para €21,30). Já a fatura de eletricidade subiu 8,8% entre 2010 e 2012, de acordo com o índice de preços da ERSE. Entre 2011 e 2012 uma fatura média passou de €47,59 para €49,88 (mais 4,8%). Com base no inquérito do INE aos gastos das famílias, entre 2005 e 2011, verifica-se que a conta do gás subiu 76,6% e a da eletricidade 25%.
49 Com a entrada em vigor da nova lei das rendas, prevê-se este ano um aumento de 3,36% (o maior desde 2004) que vai afetar cerca de 600 mil famílias.
50 Os preços dos transportes públicos subiram 20%, entre 2011 e 2012.


Fonte: http://expresso.sapo.pt/as-50-medidas-de-austeridade-entre-junho-de-2011-e-agosto-deste-ano=f757627#ixzz28KQBAolp - Texto publicado na edição do Expresso de 15 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Alunos com NEE sem apoio em Lisboa

Os alunos com deficiências e incapacidade das escolas de Lisboa e Vale do Tejo estão sem apoio dos técnicos dos Centros de Recursos para a Inclusão desde o início do ano lectivo. A suspensão do apoio, que afecta centenas de alunos, foi decidida pela Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Nacional (FENACERCI), com o acordo das 15 CERCI de Lisboa, contra os cortes impostos pelo Ministério da Educação e Ciência.
 
Rogério Cação, da direcção da FENACERCI , disse ao CM que há casos onde a verba baixava de 400 mil para 260 mil euros, tornando impossível formar equipas de técnicos. "Fazemos isto em nome dos alunos e pelos apoios que devem ter", disse, mostrando-se confiante numa resolução: "A secretária de Estado Isabel Leite mandou fazer uma avaliação, e espero que amanhã [hoje] nos comunique que mantém os cinco milhões de euros do ano passado".
Ao CM, o MEC afirmou ontem que a avaliação ainda decorre, e que vai manter "para já" o "montante global" do ano lectivo 2011/12, mas "poderá vir a verificar--se uma reafectação de recursos financeiros entre instituições". Resta saber se esta posição chegará para que o apoio aos alunos seja retomado.
 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Estado reduz 54,4 mil empregos e paga salários e pensões a 1milhão

O Estado está a conseguir reduzir o número total de funcionários e ex-empregados que passaram à reforma, mas ainda tem de pagar salários e pensões a um total de um milhão de pessoas: aos que estão no sector público e aos que por lá passaram.

Os salários reais vão cair mais do que Bruxelas previa anteriormenteEntre o início de 2011 e o final de março deste ano (um ano e três meses), o Estado reduziu 54,4 mil empregos, sendo no entanto responsável pelo pagamento de salários e pensões de velhice e de invalidez (a ex-funcionários) de 1.064.194 pessoas, indicam dados do Ministério das Finanças.
Claro que este número sobe de forma significativa contando com os reformados do sector privado, que rondarão os 1,8 milhões de pessoas.

Assim, ao todo, existem em Portugal quase três milhões de pessoas cuja forma principal de rendimento provêm diretamente dos cofres públicos.
É, contudo, visível que em 2011 e os primeiros três meses deste ano, período amplamente marcado ajustamento da troika, há sinais de emagrecimento mais rápido. O emprego caiu mais, o contingente da Caixa Geral de Aposentações (CGA) começou a crescer menos do que no passado.

Olhando apenas para o universo de funcionários e ex-funcionários percebe-se que há mudanças a acontecer. A começar pelo emprego público.

O número de funcionários subiu ao longo de décadas, tendo atingido um máximo de 747.880 trabalhadores em 2005. Mas desde então todos os anos foram marcados por fortes reduções de efetivos por via das reestruturações de serviços, da aplicação de regras mais rígidas à contratação, dos outsourcings de serviços, das privatizações.

domingo, 15 de julho de 2012

Há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar por causa da crise e famílias a retirar idosos das instituições para beneficiar das suas reformas

Os alertas do comissário Nils Muiznieks surgem num relatório que resulta de uma visita a Portugal, entre 7 e 9 de Maio, durante a qual se debruçou sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade sobre os direitos humanos.
«Durante a sua visita, o comissário foi informado de que, desde o início da crise, tem havido casos de crianças a migrar por motivos de trabalho para outros estados-membros da UE», pode ler-se no relatório de 18 páginas.
O documento acrescenta, citando especialistas, organizações da sociedade civil e sindicatos ouvidos pelo comissário, que «a crise financeira, o aumento do desemprego e a diminuição das fontes de rendimento das famílias devido às medidas de austeridade levaram as famílias a fazer novamente uso do trabalho infantil, nomeadamente no sector informal e na agricultura».
Recordando que o país já regista uma elevada taxa de abandono escolar, o comissário apela às autoridades portuguesas que monitorizem a evolução deste problema e que não descontinuem programas que visam prevenir o trabalho infantil.
O responsável refere, por exemplo, ao Programa Integrado de Educação e Formação, que visa prevenir o trabalho infantil, alertando ter sabido, durante a sua visita, de que este «poderá ser descontinuado».
Nils Muiznieks manifesta também preocupação com relatos de que a pobreza infantil está a aumentar em Portugal, como consequência do aumento do desemprego e das medidas de austeridade, nomeadamente os cortes nos abonos de família.
O comissário teme que as medidas de austeridade dos últimos dois anos ameacem seriamente as melhorias alcançadas na última década e apela às autoridades que tomem particular atenção ao possível impacto da crise no trabalho infantil e na violência doméstica contra as crianças.
Isto porque «uma situação socioeconómica cada vez mais difícil para as famílias, que são sujeitas a elevados níveis de ‘stress’ e pressão, pode resultar em sérios riscos de violência doméstica contra as crianças».
O risco de violência doméstica afecta também os idosos, alerta o responsável, que diz ter tido conhecimento de que muitos casos de violação dos direitos humanos, incluindo violência, «resultam de famílias que estão a retirar os idosos das instituições e a levá-los para casa para poderem beneficiar das suas pensões».
«Interlocutores do comissário que trabalham com idosos relataram um aumento dos casos de extorsão, maus-tratos e por vezes negligência depois de idosos com problemas de saúde serem retirados das instituições», especifica o texto, que cita números da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima que atestam um aumento de 158% no número de casos de violência contra idosos entre 2000 e 2011.
O comissário reconhece que o programa de emergência social, lançado pelo governo no ano passado, inclui uma série de medidas que visam mitigar os efeitos da austeridade nos idosos, mas considera que, sozinhas, estas medidas «podem não ser suficientes para responder de forma abrangente às crescentes dificuldades que enfrentam muitos idosos»