sexta-feira, 23 de março de 2012

Porque é que os alunos com défice cognitivo têm de fazer as provas nacionais do 6.º ano de escolaridade! Há qualquer coisa que não bate bem!

Sobre a obrigatoriedade dos alunos com NEE com défice cognitivo (inseridos no âmbito da educação especial no domínio cognitivo) realizarem as provas nacionais no 6.º ano de escolaridade, encontrei na blogosfera um excelente artigo de opinião do Paulo Guinote, via blogue A Educação do meu Umbigo, que acho oportuno divulgar:

«A responsável pela Educação Especial do MEC dá a sensação de não perceber claramente do que fala, quando fala de algo pelo qual parece ser responsável.
Vou transcrever a quase totalidade da peça que está no site da TSF:
Isto é objectivamente parvo e revela um enorme desconhecimento das diferenças entre alunos inseridos em turmas regulares devido a NEE e com Currículo Específico Individual, bem como do que se passa com as turmas de Percursos Curriculares Alternativos.
Eu vou tentar explicar de-va-ga-ri-nho (ainda mais devagar do que já fiz aqui), mas de forma breve:
  • Os alunos com CEI têm um currículo desenhado à sua medida (individual quer dizer isso), o que significa que podem ter algo como Oficina da Matemática, com um conteúdos programáticos muito simplificados, adaptados às dificuldades diagnosticadas e com uma menor carga horária semanal. O mesmo com Língua Portuguesa. Eu dou 2 (DUAS!) aulas semanais de LP (45 minutos cada) a dois alunos com NEE inseridos numa turma regular. Para o ano espera-se que eles prestem provas tal como alunos que têm 6 (SEIS!) horas semanais? Isto é – não há maneira de contornar a qualificação – parvo.
  • Os alunos em turmas PCA têm, por seu lado, um desenho curricular adequado a um grupo-turma mais pequeno do que o normal (em regra de 10 a 15 alunos no 2º CEB) que actualmente contempla (não se se obrigatoriamente, mas até este ano não era) as mesmas horas lectivas de LP e Matemática que as restantes turmas. São turmas não destinadas a alunos necessariamente com dificuldades cognitivas, mas com problemas de integração na escola e/ou risco de abandono escolar e exclusão social. Mas têm um currículo bastante próximo do que Filomena Pereira chama comum. Pelo menos mais próximo do que muitos alunos com CEI. Mas não vão fazer exame. E isto é incoerente, mesmo se a mim dá algum jeito este ano.
Quanto ao que Filomena Pereira diz sobre os alunos com trissomia 21 nem vou comentar, tamanho o disparate.
Aliás, envergonho-me ao saber que há alguém com responsabilidades na área da Educação Especial que pareça entender tão pouco do que se passa no terreno, com os alunos reais, concretos».

Fonte: Paulo Guinote

AÇÃO DE FORMAÇÃO: AS TIC E AS TECNOLOGIAS DE APOIO NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

O Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, em colaboração com a Ludomedia realiza a 3ª Edição do Curso de Formação “AS TIC E AS TECNOLOGIAS DE APOIO NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS”.
Este curso de formação, de carácter prático, aborda diferentes perspetivas da utilização das TIC e Tecnologias de Apoio na Educação de Alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE).
É dirigido a todos os docentes de ensino Pré-escolar, 1º, 2º e 3º CEB e Secundário, Terapeutas, Psicólogos e outros Técnicos ligados à educação de alunos com NEE.
Abrange um leque diversificado de soluções tecnológicas (na sua maioria gratuitas) para o apoio a alunos com problemas de aprendizagem dos diferentes níveis de ensino básico, sendo abordadas soluções para apoio de alunos com limitações funcionais a nível da mobilidade, sensorial e cognitivo, bem como de alunos com dificuldades de aprendizagem, sobredotação, risco social e baixo rendimento escolar.
Este curso, a realizar nos meses de abril, maio e junho tem duração de 34 horas presenciais e trabalho online autónomo. O horário presencial desenrolar-se-á em módulos de 8 horas que terão lugar em 4 sábados.
O Curso de Formação AS TIC E AS TECNOLOGIAS DE APOIO NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS é acreditado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua com o número CCPFC/ACC-65625/11 e sua conclusão com aproveitamento atribui 1,4 créditos.A frequência do curso é limitada a 20 vagas e a inscrição deve ser realizada  através do preenchimento do seguinte formulário até ao dia 14 de abril de 2012.
FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO (valor da inscrição poderá ser pago em duas prestações).
Antes de proceder à inscrição leia com atenção o regulamento e folheto informativo do curso.
Cordiais Cumprimentos,


Conceição Ferreira
(Serviço de Apoio ao Cliente)
[Ludomedia – Conteúdos Didácticos e Lúdicos]
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Rua Centro Vidreiro nº 405,
Bustelo - São Roque
3720-626 Oliveira de Azeméis
telef: +351 256 607 077
fax: +351 256 181 323
Linha de Apoio ao Cliente: 808 88 98 98
www.ludomedia.pt
Porque me foi solicitado por um docente de Educação Especial, divulgo o seguinte evento:

Colegas:

Venho solicitar a V. colaboração na divulgação deste evento sobre a Família que, tudo indica, será um encontro de grande qualidade. De acordo com o material de divulgação em anexo, trata-se do Simpósio Família: afectos e intelecto(s) que após um interregno de quase 2 anos tem agora a sua 4º edição.
Desde já o meu obrigada, em nome de toda a organização do evento.

Um abraço
Maria do Sameiro Araújo

 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Alunos com NEE - contingência especial para ingresso no ensino superior

Candidatos Portadores de Deficiência Física ou Sensorial
No âmbito da 1.ª fase do Concurso Nacional de acesso e ingresso no ensino superior existem diversos contingentes especiais, para além do contingente geral, aos quais são afectadas determinadas percentagens de vagas.
Para os candidatos portadores de deficiência física ou sensorial foi criado um contingente especial com 2% das vagas fixadas para a 1.ª fase do concurso nacional ou duas vagas.

No âmbito das 2.ª e 3.ª fases existe um único contingente para todos os candidatos.


Para mais informações, clique aqui.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) poderá ter novas regras!

Pedro Mota Soares falava hoje na sessão de abertura da conferência "As Aprendizagens de Futuro", promovida pela Associação EPIS -- Empresários Pela Inclusão Social", que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) destina-se a reconciliar com a escola jovens com idade igual ou superior a 15 anos que se encontram em risco de exclusão social e para os quais nenhuma outra das ofertas educativas e formativas se revelou adequada.

Em 2011 foram sinalizados 3600 jovens (até 30 de setembro) e, destes, 2 852 aderiram ao programa.

Segundo o ministro, "pela sua importância e pertinência junto de tantos jovens e suas famílias", o Programa Integrado de Educação e Formação deve ser analisado com devida atenção.

"Há, nesse sentido, que trabalhar de forma integrada, de forma coordenada, por forma a garantirmos o financiamento europeu e nacional a estas turmas. Para nós é fundamental manter esta resposta, manter a capacidade de inclusão de muitos jovens", frisou.

Pedro Mota Soares adiantou que está a desenvolver esforços para que o programa se mantenha numa unidade diferente, mas "igualmente válida e fundamental enquanto resposta importante.

"A resposta passará certamente não por ter estruturas pesadas e consumidoras de recursos, mas sim criar a capacidade de ter novas fontes de financiamento, nomeadamente comunitárias, para manter a essencialidade desta tão importante resposta", disse o ministro da Solidariedade e Segurança Social.

Alunos com necessidades educativas vão passar a fazer os mesmos exames que os outros estudantes

Os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) vão passar, já a partir deste ano, a fazer os mesmos exames que os estudantes que não têm esse diagnóstico.

O fim das provas adaptadas para os alunos com NEE aplica-se já este ano ao 6.º ano de escolaridade. Esta mudança está a ser lembrada numa conferência, esta manhã, num encontro sobre educação especial que está a decorrer no Parlamento.

"Como é que estes alunos farão? Vão confrontar-se com o insucesso", alertou uma docente do ensino especial, do Seixal.

O fim dos exames de escola, dirigidos para estes alunos, foi decretado recentemente pelo ministério. No parlamento, professores e pais deram conta que a confusão se instalou nas escolas sobre os procedimentos a seguir. Uma mãe de uma aluna do 6.º ano com necessidades educativas especiais contou ao PÚBLICO que na semana passada foi chamada à escola da filha para lhe comunicarem que ela terá de fazer a mesma prova final que o ministério elaborará para todos os estudantes daquele ano de escolaridade. A filha está integrada numa turma do ensino regular, mas segue outro programa e tem também testes de avaliação diferentes, Disseram-lhe que tinham sido essas as ordens que receberam do Júri Nacional de Exames (JNE).

Mas já este mês, o JNE publicou informação que refere que as escolas devem pedir autorização prévia para os alunos terem acomodações. Ou seja, os alunos com necessidades educativas especiais podem usufruir de mais tempo para realizar o exame; se forem cegos podem ouvir a prova num cd ou esta pode ser-lhes lida; se for diabético pode parar a meio do exame para comer, etc., mas só se a escola justificar ao JNE.

O Júri diz ainda que os estabelecimentos de ensino devem pedir autorização para fazer exames a nível de escola e justificá-lo, embora para esta modalidade se refira apenas a possibilidade de ser usufruída, "em condições excepcionais", por alunos cegos, com baixa visão, surdos severos ou com limitações moptoras severas.

Ao contrário do que acontecerá com os estudantes do 6.º ano, o JNE informou também que este ano, "excepcionalmente", os alunos do 3.º ciclo "com necessidades educativas especiais de carácter permanente do domínio cognitivo" poderão realizar provas finais a nível de escola para a conclusão do 9.º ano.

Actualmente, há alunos do ensino especial com currículos específicos e que não fazem exames, mas também terminam a escola apenas com um certificado de frequência e não com um diploma.

Outros estudantes com necessidades educativas especiais cumprem o currículo nacional, embora com adequações, e realizam exames. No entanto, estes são elaborados pela própria escola. Por exemplo, para os alunos disléxicos, a escola tem a preocupação de desdobrar as perguntas ou de fazer testes com modelo americano, com respostas múltiplas, assinaladas com "x", de maneira a que o aluno não tenha de escrever muito.

Essas adequações deixarão de ser possíveis, a partir do momento em que estes alunos façam o exame nacional, ao lado dos que não têm necessidades educativas especiais.

Fonte: Por Bárbara Wong, Clara Viana / Jornal Público

terça-feira, 20 de março de 2012

21 de Março: Dia Internacional da Síndrome da Down

O dia 21 de março é uma data importante: é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down. Será que você tem algum amigo com Síndrome de Down? Já parou para pensar no que é isso?
 
A Síndrome de Down é um acontecimento genético natural e universal. Isso quer dizer que a síndrome não é resultado da ação ou do descuido de mães ou pais, como muitos pensam. E nem é uma doença. Ela é causada por um erro na divisão das células durante a formação do bebê (ainda feto). Só para você ter uma idéia, de cada 700 bebês que nascem, UM tem Síndrome de Down. Por isso, qualquer mulher, independente da raça ou classe social pode ter um bebê Down. Até hoje, a ciência ainda não descobriu os motivos que provocam essa alteração genética, portanto não há como evitar.

Genética Já deve ter ouvido falar que todas as características de uma pessoa - a cor da pele, dos olhos, o tipo e cor dos cabelos, a altura e tudo mais – são herdados (transmitidas) dos pais, certo? Como? Por meio dos genes. São os genes, presentes nos cromossomos, que carregam tudo o que somos. Cromossomos são pedacinhos do núcleo das células que contém as características que cada um de nós herda do pai e da mãe.

Mas mesmo sabendo que existem semelhanças entre as pessoas com Down, não há exames que determinem, no nascimento, como a pessoa (criança, depois adolescente e adulto) vai evoluir durante a sua vida. Mas hoje, com as descobertas da medicina, sabe-se que para a criança down desenvolver todo seu potencial é importante que, desde cedo, seja amada e estimulada pelos pais, irmãos e profissionais habilitados.


A alteração genética das crianças com Down faz com que todas elas sejam muito parecidas e tenham as seguintes características:1 – hipotonia (flacidez muscular, o bebê é mais molinho);
2 – comprometimento intelectual (a pessoa aprende mais devagar);
3 – aparência física (uma das características físicas são os olhinhos puxados).
Aceitar as diferenças


Atualmente, a Síndrome de Down é mais conhecida, o que permite mais qualidade de vida, melhores chances e desenvolvimento para os portadores. Mas, infelizmente, esse avanço ainda não foi suficiente para acabar com um dos principais obstáculos que as pessoas com Down enfrentam: o preconceito.


A dataO dia 21 de março foi escolhido pela associação “Down Syndrome International” para ser o Dia Internacional da Síndrome de Down em referência ao erro genético que a provoca. Todo mundo tem 23 pares de cromossomos. Quem tem Down tem três cromossomos no par de número 21 (daí a data 21/03).


Fonte: Instituto Meta Socialhttp://sc5.com.br/?p=7195

Escola é desafio para crianças com paralisia cerebral

Escolas com boas práticas na integração de crianças com paralisia cerebral são "uma exceção", diz diretora da APCSM

A maior dificuldade de integração com a qual as crianças com paralisia cerebral se deparam acontece na escola e quando há transição de ciclos, revelou Teresa Mano da Costa, presidente da direção da Associação de Paralisia Cerebral de São Miguel (APCSM).
Segundo considerou, há escolas "com boas práticas na integração e no percurso académico" no que diz respeito às crianças com paralisia cerebral", contudo, quase que as podemos considerar uma exceção".
Como explicou, a paralisia cerebral ocorre antes, durante ou após o nascimento. Não é uma doença mas sim uma lesão no cérebro causada por falta de oxigénio nas células cerebrais, o que provoca perturbações a nível de postura e movimento, podendo afetar também a visão, a audição e a fala. Esta condição pode causar ainda dificuldades de aprendizagem e défice de atenção.
"É urgente chamar a atenção de quem intervém, sobretudo no sistema educativo, de que quando vão para a pré-primária e seguintes, há a necessidade dos professores e educadores desenvolverem, com eles, a atitude comunicativa e usarem meios alternativos e/ou aumentativos de comunicação", afirmou Teresa Mano da Costa, sublinhando que a associação tem sempre o cuidado de perceber a legislação e os direitos destas crianças.
As crianças com esta condição carecem de uma atenção especial no que toca ao desenvolvimento linguístico, cognitivo e social: "Estas crianças desenvolvem a linguagem ao nível da receção mas, como não falam, muitas vezes as pessoas que cuidam delas podem ser levadas a pensar que não é necessária a estimulação a este nível", contou a presidente da associação. Em sua opinião há ainda uma falta de sensibilização e desconhecimento por parte das pessoas relativamente à paralisia cerebral, uma vez que a própria denominação da condição induz em erro. Isto porque o cérebro apresenta dificuldade em conduzir a função motora mas não está paralisado.


Fonte:Açoriano Oriental - Carla Ormonde - Notícias » Actualidade - 20 / 03 / 2012 - 10 : 34

segunda-feira, 19 de março de 2012

Recursos e materiais para o dia do Pai

Pai, neste dia tão especial,Trago-te amor e alegria.
Tu para mim és o maior
E eu sem ti nada seria...
Hoje eu digo a toda a gente,
Que do meu coração não sais.
Quando me abraças sou feliz
Porque me amas,
E eu te amo querido pai.
Quem é tão grande e tão amigo?
Quem nos leva a passear?
Quem nos dá muito carinho?
É o pai por nos amar.

Certificados, Power Point e Imagens para colorir para o Dia do Pai: ANEXOS PARA DESCARREGAR:
FicheiroDescriçãoTamanho do ficheiro
Fazer download deste ficheiro (CertificadoparaPais.jpg)CertificadoparaPais.jpgCertificado para Pais358 Kb
Fazer download deste ficheiro (diadopai_imagens_colorir.doc)diadopai_imagens_colorir.docImagens para colorir Dia dos Pais1008 Kb
Fazer download deste ficheiro (Eu_e_o_meu_papá.ppt)Eu_e_o_meu_papá.pptEu e o meu Papá Power Point4047 Kb
Fazer download deste ficheiro (Gosto_do_meu_pai.doc)Gosto_do_meu_pai.docGosto do meu Pai561 Kb
Fazer download deste ficheiro (Ideias dia do pai.doc)Ideias dia do pai.docIdeias para o Dia do Pai
488 Kb    





domingo, 18 de março de 2012

Sandro Alves: um investigador em Paris a desbravar caminho na neurociência

O estudo da doença de Machado-Joseph valeu-lhe o prémio Pulido Valente Ciência 2011. Agora está em Paris a trabalhar noutra doença: a ataxia espinocerebelosa tipo-7, uma doença fatal que provoca descoordenação dos movimentos.
Era uma criança como outra qualquer – “o que queria era uma bola de futebol para jogar” – e ser cientista não era propriamente um sonho. Lembra-se do fascínio que um aparelho de medir tensões, que havia lá por casa, lhe causava: o que Sandro Alves queria mesmo era ser médico.
Os “livros científicos” que o pai lhe ofereceu aos oito anos foram, provavelmente, o primeiro contacto a sério com a ciência. Mas o objectivo de ser médico mantinha-se e só uma média de 18,2 valores – insuficiente para entrar em Medicina – o demoveu. “Não consegui entrar”, lembra o jovem de 33 anos, que conversou com o P3 dias depois de ter sido galardoado com o prémio Pulido Valente Ciência 2011.

A Biologia foi a escolha a que o afastamento da Medicina o conduziu. Mas o investigador – é assim que gosta que lhe chamem, a designação de “cientista” soa-lhe “muito pesada” – não queria ser mais um professor ou um biólogo no desemprego. Dedicou-se, então, à investigação do cérebro humano: desenvolve estratégias de terapia genética que têm como base atenuar ou reverter mecanismos neurodegenerativos. É na neurociência que se tem distinguido nos últimos anos.
O último prémio, para cientistas até 35 anos, foi o da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e da Fundação Professor Francisco Pulido Valente: a investigação de Sandro Alves provou que o silenciamento não específico da expressão da proteína ataxina-3, envolvida na doença de Machado-Joseph, reduzia de forma drástica a manifestação dessa doença em ratos.

Machado-Joseph, uma doença fatal.
A Machado-Joseph caracteriza-se pela "perda de controlo de movimentos voluntários”, explica Sandro Alves. A manifestação da doença acontece sobretudo entre os 30 e os 40 anos e é fatal num período de 10 a 20. O trabalho com esta doença iniciou-se em 2003, num projecto em que Sandro Alves se focou no silenciamento da doença por interferência de RNA, e a eficácia do silenciamento específico do alelo mutado ficou provado em 2008. Mas esta estratégia permitia tratar, “no máximo, 70% do doentes”. Por isso, na investigação agora premiada, Sandro Alves quis ir mais longe: testou qual a eficácia do silenciamento da proteína normal.

Os resultados obtidos sugerem que estratégias que envolvam o silenciamento não específico podem ser "seguras e eficazes". Falar de tratamento é um cenário ainda longínquo, mas Sandro Alves não esconde o objectivo: “Estamos a desbravar terreno para que a médio-longo prazo possamos ter algum resultado”, diz. Sandro há-de voltar à doença de Machado-Joseph, cuja investigação continua a ser feita por alunos de doutoramento orientados por Luís Pereira de Almeida, na Universidade de Coimbra. O jovem espera que os testes sejam, no futuro, feitos num animal superior (macaco): "Não há planos para isso, ainda, mas seria muito importante".

Para já, está no Instituto do Cérebro e da Espinal Medula, em Paris, onde se dedica a outra doença: a ataxia espinocerebelosa tipo-7. "É uma doença fatal, semelhante à de Machado-Joseph no que toca à descoordenação dos movimentos voluntários, adicionando-se também a perda de fotoreceptores que podem levar a uma perda gradual da visão", explica Sandro Alves. O investigador está a desenvolver estratégias de "silenciamento genético da ataxina-7 mutante".

Ser investigador é "passar muitas horas e muitas madrugadas nos laboratórios", define. Uma "profissão" cada vez mais possível em Portugal: "Temos centros de excelência. O atraso em alguns campos, relativamente ao que existe em Paris, tem apenas a ver com o facto de se ter investido mais tarde", avalia. Portugal, diz Sandro Alves, é mesmo visto como uma "fábrica de talentos" lá fora. Um conselho para os jovens investigadores? "Que sejam exigentes com eles mesmos; que sejam sempre auto-críticos."
Fonte: P3 Público