sábado, 21 de julho de 2012

Declaração de Salamanca - 1994 (princípios, políticas e práticas na área das NEE)

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

Reafirmando o direito à educação de todos os indivíduos, tal como está inscrito na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, e renovando a garantia dada pela comunidade mundial na Conferência Mundial sobre a Educação para Todos de 1990 de assegurar esse direito, independentemente das diferenças individuais.

Relembrando as diversas declarações da Nações Unidas que culminaram, em 1993, nas Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, as quais exortam os Estados a assegurar que a educação das pessoas com deficiência faça parte integrante do sistema educativo.

Notando com satisfação o envolvimento crescente dos governos, dos grupos de pressão, dos grupos comunitários e de pais, e, em particular, das organizações de pessoas com deficiência, na procura da promoção do acesso à educação para a maioria dos que apresentam necessidades especiais e que ainda não foram por ela abrangidos; e reconhecendo, como prova desde envolvimento, a participação activa dos representantes de alto nível de numerosos governos, de agências especializadas e de organizações intergovernamentais nesta Conferência Mundial.

1. Nós delegados à Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, representando noventa e dois países e vinte cinco organizações internacionais, reunidos aqui em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Julho de 1994, reafirmamos, por este meio, o nosso compromisso em prol da Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de garantir a educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educação, e sancionamos, também por este meio, o Enquadramento da Acção na área das Necessidades Educativas Especiais, de modo a que os governos e as organizações sejam guiados pelo espírito das suas propostas e recomendações.

2. Acreditamos e proclamamos que:   LER DOCUMENTO COMPLETO.

VI Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down – Agora é a nossa vez, nada sobre nós sem nós


VI Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down - o símbolo da FBASD - um olho puxado típico da SD - sobre duas imagens humanasFoi idealizado pela parceria da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down e Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down-PE, sob a égide da CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA da qual o Brasil foi signatário — dentre 153 países — e que veio a ser ratificada com “status” de Emenda Constitucional pelo Decreto Legislativo nº 186 de 09 de julho de 2008 e promulgada pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009.

Trata-se de um documento inovador, de importância maior para o MOVIMENTO das pessoas com deficiência em todo o planeta. Seus comandos foram iluminados pelos direitos humanos, inaugurando-se, assim, uma nova era, na qual as deficiências deixam de ser focadas prioritariamente como problemas da área de saúde para se tornar uma questão social, reconhecendo-se a importância da autonomia e independência individual dessas pessoas, refletida na liberdade de fazer as próprias escolhas!
É um salto de qualidade, pois propicia a discussão do tema proposto respaldado nos avanços tecnológicos e científicos. Tem-se, então, um novo momento no capitulo da história do MOVIMENTO no qual a pessoa é valorizada por seus potenciais, sendo-lhe oportunizado o verdadeiro crescimento cidadão, respeitando-lhes os desejos e decisões e, então a dignidade inerente a qualquer ser humano. Não se centra mais o problema exclusivamente na pessoa com deficiência, mas na sociedade como um todo e no entorno dessas pessoas!

Preparamos uma programação que vai contemplar uma grande diversidade de temas para debate, reunindo os múltiplos aspectos que instrumentalizam as pessoas com síndrome de Down, seus familiares e profissionais a exercitarem a prática inclusiva como forma de conquistar a desejada cidadania para esse grupo de brasileiros e brasileiras, em respeito aos princípios constitucionais da igualdade, da solidariedade, da dignidade e da não discriminação, visando à busca de um futuro saudável.
“AGORA É A NOSSA VEZ: NADA SOBRE NÓS SEM NÓS”, foi o tema escolhido, com base na necessidade agora determinada por lei, das pessoas com deficiência intelectual exercerem o PROTAGONISMO de tudo o que diz respeito às suas vidas.
Inscreva-se e participe! http://www.cbsdown2012.com.br/

Leia também:

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Enquadramento dos alunos com NEE nos cursos profissionais de nível secundário


A argumentação é a seguinte:
«A existência de um diploma próprio para os cursos profissionais de nível secundário ministrados em estabelecimentos públicos de ensino, aprovado pelo despacho n.º 14758/2004, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 172, de 23 de julho de 2004, e que contende com algumas das matérias objeto dos regulamentos administrativos anteriormente identificados torna necessário ajustar o referido diploma no sentido de, por um lado, garantir a eficaz implementação das medidas recentemente aprovadas e, por outro, garantir a equilíbrio de regime nas diferentes ofertas educativas».


Para os alunos com NEE de caráter prmanente, o  Despacho n.º 9815-A/2012, de 19 de julho, prevê a adequação do número de alunos por turma (até 20 alunos), a saber:

«26.1 — As turmas de cursos profissionais do nível secundário de educação que integrem jovens com necessidades educativas especiais de caráter permanente, sem necessidade de adequações curriculares e cujo programa educativo individual assim o determine são constituídas por um número máximo de 20 alunos, não podendo incluir mais de dois alunos naquelas condições».

Para aceder ao Despacho n.º 9815-A/2012, de 19 de julho, clique na imagem que se segue!


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Orientações para a distribuição de serviço letivo 2012/ 2013 - versão retificada do dia 17 de julho 2012

A FNE disponibiliza o documento "Orientações para a distribuição de serviço letivo - versão retificada", da Secretaria de Estado do Ensino e da Administração Escolar, enviada às escolas no dia 17.07.2012.


MEC NI




Consulte AQUI o documento em pdf .

Professores contratados há vários anos passam aos quadros


Em resposta a uma pergunta da deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago, Crato afirmou que o Ministério da Educação e da Ciência (MEC) está a trabalhar "para que seja feita a vinculação extraordinária de professores contratados já este ano". O ministro não quis, no entanto, adiantar estimativas sobre o número de docentes a contrato que serão precisos nas escolas no próximo ano letivo.
Já em 2010, uma resolução da Assembleia da República recomendava ao Governo a passagem aos quadros dos professores contratados com dez ou mais anos de serviço. Na origem dessa resolução esteve a discussão no Parlamento de uma petição com mais de 4500 assinaturas que alegava que a existência de docentes com muitos anos de contrato é a prova de que o trabalho desempenhado nas escolas corresponde a necessidades permanentes do sistema, pelo que não se justifica a precariedade do seu vínculo. Também o Provedor de Justiça já tinha feito uma recomendação no mesmo sentido.
No Parlamento, o ministro recusou divulgar o número de professores efetivos que deverão ficar sem turmas atribuídas no próximo ano letivo, segundo o levantamento provisório concluído pelas escolas na passada sexta-feira.
Crato afirmou que estes números estão em permanente atualização e que só a 16 de agosto poderão ser conhecidos dados consolidados sobre a matéria. Ainda assim, o ministro adiantou que alguns estabelecimentos de ensino estão já a "repescar" professores a quem tinham comunicado na semana passada que iriam ficar com horário zero.
O MEC divulgou hoje, junto das escola,s novas orientações para a distribuição de serviço docente, que permitirão dar horário aos docentes dos quadros que estavam em risco de ficar sem componente letiva.

Fonte: expresso online

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Má despesa pública: um livro que junta denúncias de despesismo com críticas à transparência do Estado

 
Portugal "objetivamente não é um exemplo de transparência" no acesso à informação, garante um dos autores de "Má Despesa Pública", Rui Oliveira Marques, lembrando que no portal da internet do Tesouro do Reino Unido a informação dada centra-se na despesa feita com impostos, enquanto no Ministério das Finanças português as explicações são dadas para pagar impostos.
Arranjos em jardins inexistentes, como é o caso do antigo Governo Civil de Lisboa, desperdícios de automóveis de gama alta ou luxos em fundações como o INATEL, custos de obras que nem arrancaram, como os vários novos aeroportos em Lisboa, parques de estacionamento construídos há anos ainda por abrir no Cartaxo, festas de milhões em Oeiras, relógios de ouro em Almada ou obras de milhões em campos de futebol inadequados na Madeira são alguns dos exemplos de um despesismo que os autores comparam, na obra, à imagem que existe de países como a Grécia.
O princípio do livro, disse em entrevista à Lusa, é "detetar más despesas a partir de informação que é pública e se houvesse ainda mais informação, de certeza" que eram encontrados mais exemplos "absurdos" e "mais preocupantes".
"Má Despesa Pública" começou por ser um blogue, que surgiu em abril do ano passado como "agregador" de notícias sobre o despesismo no Estado central e nas empresas públicas para que "não caíssem no esquecimento".
Os autores definem uma má despesa como um "encargo do Estado que não tem um retorno útil para os cidadãos".

Destacar apenas um dos mais de cem casos descritos no livro é, para a outra autora, Bárbara Rosa, "difícil", já que "são todos escandalosos porque constituem má despesa pública".
"Selecionar um seria desvalorizar a restante má despesa pública", sublinhou.
Os autores "rapidamente" se aperceberam que podiam "fazer um trabalho de investigação e apelar a que mais pessoas ajudassem a encontrar ainda mais exemplos que não aparecessem na comunicação social".
O contacto de uma editora para a publicação do livro alargou a pesquisa.
"Fomos ver relatórios do Tribunal de Contas, como por exemplo da Expo 98, que se calhar já caiu no esquecimento, mas em muitos casos é exemplar, o Euro2004 (de futebol)", e as Parcerias Público Privadas como derrapagens nas obras, afirmou Rui Oliveira Marques.
Os autores pretendem que o livro "funcione como um retrato de Portugal em 2012", mas também "de um país que nos últimos anos não conseguiu aprender com os seus erros e onde, aparentemente, continua a existir muita preguiça em tornar determinadas coisas melhores, mais funcionais e ao serviço do cidadão".
"Fala-se muito da questão do défice e dos mil milhões, mas há muitos casos ao nível da pequena gestão, em que se nota que existe muito descuido, desleixo e preocupação com o imediato", afirmou.
Rui Marques acha que "é possível que quem leia o livro fiquei muito mal impressionado com as autarquias locais". Isto porque, acrescenta Bárbara Rosa, "as autarquias são as que mais publicitam [as suas despesas]".
"Não partimos em pé de igualdade, o acesso à informação é diferente. As fundações são as que menos informação divulgam. Detetámos mais casos nas autarquias, mas a informação é pública", referiu.
Vários casos descritos no livro estão no portal da Internet de ajuste direto do Estado, uma das fontes de informação e que "está acessível a qualquer cidadão ou instituição, mas a que estranhamente poucas pessoas prestam atenção".
Para Rui Marques, a divulgação dos casos "não é mérito" dos autores, "mas se calhar as pessoas deviam ser mais exigentes e investigar a forma como é gasto o dinheiro público".
O autor considera que as pessoas estão preocupadas com o que se passa junto a si, mas a um "nível mais superior parece que estão um pouco mais desatentas".
"Se calhar o problema é o cansaço com tudo o que tenha a ver com política, com reivindicar os seus direitos ou exigir mais aos políticos", afirmou.
À medida que o blogue foi ganhando mais leitores, Rui Oliveira Marques e Bárbara Rosa conseguiram mais aliados na luta pela denúncia de possíveis casos de má despesa pública.
"Temos tido feedback e tem sido crescente. Notamos que tem vindo a aumentar o número de denúncias. São cada vez mais e com mais qualidade, mais fundamentadas. Isto pega-se, e é o nosso objetivo", afirmou Bárbara.
A autora acredita que, se "todos fizerem um bocadinho, a Democracia será melhor".
Notícia da Lusa, 13 de Julho de 2012, via Blogue Má Despesa Pública

Medidas para prevenção do abandono escolar em Portugal

O MEC apresentou as medidas para prevenção do abandono escolar, sendo as seguintes:

Concluída a primeira fase de preparação do ano letivo, de forma a assegurar as atividades letivas regulares integrantes indispensáveis das matrizes curriculares, inicia-se agora uma nova etapa. É o momento de pôr em curso medidas para o Sucesso e Prevenção do Abandono Escolar previstas na Revisão da Estrutura Curricular, no despacho de Organização do Ano Letivo, no decreto-lei que regulamenta a Escolaridade Obrigatória e no Estatuto do Aluno e Ética Escolar, em discussão no Parlamento.
É objetivo do Ministério da Educação e Ciência a melhoria dos resultados reais dos alunos e o aprofundamento da autonomia das escolas. Neste sentido, lembramos que estão em discussão pública as novas metas curriculares de cinco disciplinas.
É também necessário garantir que o alargamento da Escolaridade Obrigatória até os 18 anos se traduza num maior sucesso escolar dos nossos alunos. Surge um conjunto de funções educativas que não existiam nas escolas, mas que importa agora assegurar.
Estas medidas permitem potenciar os recursos disponíveis nas escolas. Todos os professores são necessários para o sucesso escolar dos nossos alunos.
Entre outras medidas a implementar, destacamos as seguintes:
Medidas a implementar ou reforçar de imediato:
  • Oferta de Percursos curriculares alternativos e Programas Integrados de Educação e Formação (PIEF) adaptados ao perfil e especificidade dos alunos;
  • Oferta de um Sistema Modular no Ensino Básico Geral e no Ensino Secundário Geral, para maiores de 16 anos;
  • Ofertas educativas alternativas com utilização de recursos próprios ou cedidos por agrupamentos de escolas próximas, nomeadamente no ensino recorrente e de adultos, cursos profissionais e ensino articulado;
  • Possibilidade de desdobramento das turmas do ensino profissional na vertente de formação específica/técnica, tendo em conta os recursos disponíveis em cada escola;
  • Possibilidade de os docentes de Educação Visual e Tecnológica lecionarem disciplinas no 3º ciclo de escolaridade;
  • Possibilidade de docentes das TIC realizarem manutenção do Plano Tecnológico da Educação (PTE) nas escolas através da redução da sua componente letiva;
  • Possibilidade de recurso a docentes de determinados grupos de recrutamento para desenvolver atividades de expressão artística.
Medidas que as escolas irão programar de acordo com a afetação de recursos que considerarem adequadas:
  • Extensão do calendário escolar para os alunos do 4.º ano de escolaridade com maiores dificuldades, e possibilidade de realização de uma segunda prova final.
  • Reforço do apoio ao estudo no 1.º e 2.ºciclos do ensino básico que permita um maior acompanhamento aos alunos (previstos 200 minutos em cada ano de escolaridade do 2.º ciclo);
  • Possibilidade de criação de grupos de homogeneidade relativa em disciplinas estruturantes, no ensino básico, que promovam a igualdade de oportunidades através de uma atenção mais dirigida aos alunos;
  • Possibilidade de oferta da iniciação à língua inglesa no 1.ºciclo, com ênfase na sua expressão oral;
  • Criação de ofertas complementares pela escola, no âmbito da sua autonomia, nas áreas de cidadania, artísticas, culturais e científicas;
  • Desenvolvimento do "Desporto Escolar" no 1.º ciclo, com recurso a docentes de educação física do mesmo agrupamento ou pertencentes a agrupamentos próximos;
  • Integração de docentes de Inglês, Educação Física e Expressões nas Atividades de Enriquecimento Curricular, nos casos em que as escolas são a entidade promotora;
  • Possibilidade de permuta das áreas curriculares de Português e Matemática no 1.º ciclo, por vontade expressa dos docentes;
  • Reforço do apoio à gestão das agregações;
  • Gestão, apoio e desenvolvimento de atividades nas Bibliotecas Escolares;
  • Integração das Equipas multidisciplinares nas escolas, nos termos definidos no Estatuto do Aluno e Ética Escolar.
Medidas a realizar no âmbito da autonomia das escolas, atendendo aos recursos disponíveis:
  • Possibilitar a Coadjuvação de docentes de Português e Matemática e na área das Expressões no 1º ciclo, e nas disciplinas estruturantes em qualquer nível de ensino.
  • Criar um programa de tutoria de modo a ajudar os alunos a superar as dificuldades de aprendizagem, a integração no espaço escolar e na sala de aula;
  • Realizar atividades de compensação ou de apoio pedagógico acrescido para a melhoria da aprendizagem ou reposição de horas letivas perdidas por razões não imputadas ao aluno (doença, desporto federado etc.);
  • Oferecer o aprofundamento da língua portuguesa através de atividades que facilitem a integração dos alunos oriundos de países estrangeiros e dos nacionais com dificuldades na leitura, compreensão e interpretação de textos;
  • Proporcionar estudo orientado para apoiar o aluno no desenvolvimento de métodos de trabalho, de estudo, de pesquisa, análise, tratamento e interpretação da informação recolhida e de organização do tempo escolar e de estudo;
  • Realizar orientação escolar para os alunos do 8.º e 9.º ano de escolaridade, com vista à melhor identificação da área de estudos a seguir no ensino secundário;
Estamos certos de que as medidas agora apresentadas contarão com o apoio de toda a comunidade educativa. Diretores, técnicos, alunos, pais e, principalmente, professores são fundamentais para que a qualificação real dos portugueses seja cada vez maior e suporte o desenvolvimento do país. Todos os professores são necessários para o sucesso escolar.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

Há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar por causa da crise e famílias a retirar idosos das instituições para beneficiar das suas reformas

Os alertas do comissário Nils Muiznieks surgem num relatório que resulta de uma visita a Portugal, entre 7 e 9 de Maio, durante a qual se debruçou sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade sobre os direitos humanos.
«Durante a sua visita, o comissário foi informado de que, desde o início da crise, tem havido casos de crianças a migrar por motivos de trabalho para outros estados-membros da UE», pode ler-se no relatório de 18 páginas.
O documento acrescenta, citando especialistas, organizações da sociedade civil e sindicatos ouvidos pelo comissário, que «a crise financeira, o aumento do desemprego e a diminuição das fontes de rendimento das famílias devido às medidas de austeridade levaram as famílias a fazer novamente uso do trabalho infantil, nomeadamente no sector informal e na agricultura».
Recordando que o país já regista uma elevada taxa de abandono escolar, o comissário apela às autoridades portuguesas que monitorizem a evolução deste problema e que não descontinuem programas que visam prevenir o trabalho infantil.
O responsável refere, por exemplo, ao Programa Integrado de Educação e Formação, que visa prevenir o trabalho infantil, alertando ter sabido, durante a sua visita, de que este «poderá ser descontinuado».
Nils Muiznieks manifesta também preocupação com relatos de que a pobreza infantil está a aumentar em Portugal, como consequência do aumento do desemprego e das medidas de austeridade, nomeadamente os cortes nos abonos de família.
O comissário teme que as medidas de austeridade dos últimos dois anos ameacem seriamente as melhorias alcançadas na última década e apela às autoridades que tomem particular atenção ao possível impacto da crise no trabalho infantil e na violência doméstica contra as crianças.
Isto porque «uma situação socioeconómica cada vez mais difícil para as famílias, que são sujeitas a elevados níveis de ‘stress’ e pressão, pode resultar em sérios riscos de violência doméstica contra as crianças».
O risco de violência doméstica afecta também os idosos, alerta o responsável, que diz ter tido conhecimento de que muitos casos de violação dos direitos humanos, incluindo violência, «resultam de famílias que estão a retirar os idosos das instituições e a levá-los para casa para poderem beneficiar das suas pensões».
«Interlocutores do comissário que trabalham com idosos relataram um aumento dos casos de extorsão, maus-tratos e por vezes negligência depois de idosos com problemas de saúde serem retirados das instituições», especifica o texto, que cita números da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima que atestam um aumento de 158% no número de casos de violência contra idosos entre 2000 e 2011.
O comissário reconhece que o programa de emergência social, lançado pelo governo no ano passado, inclui uma série de medidas que visam mitigar os efeitos da austeridade nos idosos, mas considera que, sozinhas, estas medidas «podem não ser suficientes para responder de forma abrangente às crescentes dificuldades que enfrentam muitos idosos»